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Depoimento de M.
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Olá Leonora,
 
descobri a sua página hoje por acaso. Tenho 30 anos e pelo menos ha 15 anos sofro de TTM. Ao contrário da maioria dos depoimentos que li, sou consciente do fato de que a TTM é uma doença há vários anos. Converso sobre o assunto com a minha mãe. Infelizmente, os seus apelos ainda não foram suficientes para eu parar.
 
Lembro-me muito bem de uma das primeiras vezes em que arranquei um fio de cabelo diante do espelho. Era um fio muito ondulado e eu achava que “ele não tinha nada que fazer ali em meio a todos os fios lisos da minha cabeça”. Começou assim. Apesar de saber que se trata de um distúrbio psicológico, acho que, ao menos no início, houve uma razão estética que contribuiu para o desenvolvimento da doença. Mesmo se esta não é exatamente a causa.  
 
Claro que eu já tenho falhas consideráveis no couro cabeludo (em diferentes áreas). Buracos que eu tento esconder de um jeito de outro, mas alguns já são consigo mais esconder... O processo é um círculo vicioso: tem aqueles cabelinhos curtos e em geral bem mais grossos que os outros (e todos frisados) que vão nascendo. Eu os arranco porque eles não têm o direito de habitar ao lado dos outros, etc... E o buraco cheio de cabelinhos espetados vai aumentando (na faculdade, eu e uma amiga dizíamos que era a síndrome do cebolinha, o personagem dos quadrinhos). E eu tinha um cabelo de dar inveja a muita gente...  
 
Sinto que no meu estágio a coisa ainda pode ser recuperada, mas vai levar alguns anos. Isso, é claro, se eu conseguir parar... Eu jamais os pus na boca, nem comi. Apenas fico analisando o fio depois de arrancá-lo.  
 
Uma coisa que faço muito também (e, muitas vezes, faço isso como contrapeso, justamente para evitar arrancar os fios pela raíz...) é cortar com a tesoura as pontas duplas e os fios que crescem ondulados.
 
Um dos meus grandes problemas é que trabalho em casa. Há alguns meses terminei de escrever uma tese que me custou muitos fios de cabelo. Preciso estar sempre concentrada, situação que é muita propícia para o “ritual” da TTM.   
 
Foi muito bom ter lido os depoimentos no seu site. O fato de que haja pessoas falando a respeito torna o problema mais real, mais concreto. Ajuda sim. Espero que o meu depoimento também possa ajudar.
 
Desculpe o e-mail tão longo!
 
M.

Para dicas ou problemas com esse site, contate:
Leonora Martins, Registered Nurse(Houston-Texas)

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